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SAO PAULO,03/09/2025

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Atendimento a jovens com leucemia mieloide tem alta de 31% no estado de SP

Ainda não há uma causa definida, mas mudanças no padrão alimentar e maior consumo de álcool entre os mais jovens podem ser fatores de risco


Atendimento a jovens com leucemia mieloide tem alta de 31% no estado de SP

Dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES‑SP) mostram que o atendimento ambulatorial e hospitalar a pacientes com leucemia mieloide cresceu de 898, em 2023, para 1.185, em 2024, entre jovens de 20 a 24 anos, o que representa um aumento de cerca de 31 %. A tendência também se repete em outras faixas etárias: de 30 a 34 anos, os casos passaram de 1.997 para 2.332 (alta de 16,7 %) e, de 35 a 39 anos, de 2.879 para 3.022 (alta de 4,9 %).

O médico Wellington Fernandes Silva, hematologista do Grupo de Leucemias Agudas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), observa que a ampliação do atendimento entre adolescentes e jovens adultos acompanha estatísticas americanas, europeias e nacionais. Segundo ele, ainda não há uma causa definida, mas mudanças no padrão alimentar e maior consumo de álcool entre os mais jovens podem ser fatores de risco.

O especialista destaca que a detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. “No passado, muitas pessoas morriam antes mesmo de saber que tinham leucemia. Hoje, com a melhora dos serviços de saúde e o avanço da tecnologia, conseguimos diagnosticar a doença mais cedo, o que aumenta as chances de cura”, afirma Wellington Fernandes Silva.

No total, o Estado de São Paulo registrou 598.680 internações hospitalares por leucemia mieloide nos dois anos avaliados, sendo 290.121 em 2023 e 308.559 em 2024; e 1.914.370 procedimentos clínicos ambulatoriais no mesmo período (916.480 em 2023 e 997.890 em 2024). Esses números refletem tanto o crescimento da demanda quanto o esforço do sistema público de saúde para acompanhar e tratar os pacientes.

O que são as leucemias mieloide?

A leucemia afeta as células mieloides, que desempenham um papel essencial no sistema imunológico, incluindo a resposta a infecções e inflamações. Existem dois tipos principais: a leucemia mieloide aguda (LMA) e a leucemia mieloide crônica (LMC).

“As leucemias mieloides, sejam elas agudas ou crônicas, são doenças muito diferentes umas das outras, mas que, na maior parte dos casos, são idiopáticas, ou seja, acontecem sem nenhuma causa aparente”, explica.

Os sinais e sintomas da leucemia mieloide aguda aparecem mais precocemente e de forma rápida, e os pacientes quase sempre apresentam fraqueza e palidez, podendo ter sangramentos, febre e feridas na boca.

A leucemia crônica, por sua vez, é uma doença de instalação mais lenta, geralmente diagnosticada por alterações em exames de rotina. Quando a doença passa despercebida, apresenta sintomas significativos, como aumento do baço, o que provoca desconforto na alimentação, além de mal-estar, fadiga e dificuldade para andar.

“O hemograma é o exame mais importante para investigar pacientes com fraqueza, fadiga e febre. Ele é um exame simples, realizado por quase todo médico na primeira avaliação, e qualquer alteração deve ser interpretada como um sinal vermelho para investigação”, afirma o hematologista.

Apesar de a doença se manifestar, em geral, em torno dos 60 anos, o aumento dos casos em jovens e adultos reforça a importância do diagnóstico precoce, pois é essencial para uma recuperação mais rápida. “A leucemia mieloide aguda é tratada com quimioterapia mais intensiva nos pacientes jovens. Porém, é uma doença que entendemos como paradigma de cura, ou seja, buscamos que a doença entre em remissão a partir dos cinco anos, momento em que começamos a falar em cura”, explica o hematologista.

O tratamento depende da idade e do tipo de leucemia. Na LMA, pacientes jovens recebem quimioterapia mais intensa, enquanto nos mais velhos a terapia é menos agressiva, frequentemente seguida de transplante de medula óssea. Já a leucemia mieloide crônica (LMC) não tem cura, mas pode ser bem controlada com inibidores de tirosino quinase, enzima que ajuda a acelerar reações no corpo, garantindo uma taxa de sobrevivência próxima à da população geral.




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